01 março, 2008

O diagnóstico precoce no combate ao câncer infantil

por Claudia Caciquinho
e Gisele Assis


Pela primeira vez o combate ao câncer infanto-juvenil está sendo comemorado em campanha nacional, que entrou em vigor a partir deste ano. A data escolhida para este ato foi o dia 23 de novembro, com campanha comercial em rede nacional gravada pelo ator e modelo Paulo Zulu. Capacitar os agentes de saúde e incentivar o diagnóstico precoce para detectar a doença é o objetivo dessa campanha.
O Grupo de Apoio à Criança com Câncer – GACC, que tem sua unidade no bairro Pau da Lima, em Salvador, representa uma das entidades filantrópicas que oferece apoio às famílias de baixa renda com crianças portadoras desta enfermidade. O grupo surgiu devido ao grande número de abandono ao tratamento por pacientes com chance de cura e que moravam em outras cidades do estado. Pensando nisso, o atual presidente da instituição, Roberto Sá Menezes, idealizou um local onde essas famílias pudessem se hospedar até concluir seus tratamentos e, assim, criou o GACC. “Não há restrições para o paciente que necessite desse apoio, apenas que o menor venha acompanhado de um adulto responsável ou por um agente tutelar durante o período”, garante Menezes.
A mãe de Wanderson Luiz Silva, que completará 11 anos em dezembro e há quatro está em tratamento, Neide Alexandre da Silva, disse que se não fosse o GACC poderia ter perdido seu filho, pois moram em Pilão Arcado e não possuem familiares na capital baiana. Sendo assim, cuidar de seu filho ficaria inviável, devido ao alto custo com hospedagens, já que precisam vir com regularidade, de 15 em 15 dias, para o tratamento de seu filho.
É importante que os pais fiquem atentos às alterações no comportamento e no corpo da criança, como perda de peso, palidez e nódulos, podendo assim identificar um diagnóstico precoce e tratar com sucesso a doença, revelou a mãe do paciente Wanderson.
“Atualmente, ele está fazendo sessões de radioterapia, devido a uma recaída de seu quadro de leucemia, mas graças a Deus ele já está melhor e fora de perigo. Logo terá alta”, falou Neide, com alívio.
Wanderson é um menino com sonhos. Quando vem fazer suas revisões hospeda-se no GACC e gosta de ficar no espaço onde estão o computador e a brinquedoteca, “é o lugar onde fico mais à vontade”, revelou sorrindo.
A Instituição – O Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC), tem como principal objetivo dar suporte às famílias de baixa renda, que possuem criança com câncer. A sede da entidade, localizada no Bairro de Pau-da-Lima, é um prédio com cinco pavimentos, 52 apartamentos com dois leitos cada, formando 104 leitos. Para se manter, a entidade filantrópica conta com a ajuda de empresas e empresários, micro e macro, voluntários e amigos, que contribuem realizando doações, em dinheiro, material ou até mesmo em serviços.
No órgão existem três centros de diagnóstico (laboratório): o primeiro de investigação de paternidade, o segundo de doenças contagiosas e o terceiro é para fazer o exame de HLA (exame que define a genética da pessoa e serve de base para uma eventual busca no futuro por um doador compatível nos registros nacionais e internacionais).
O presidente da instituição, Roberto Sá Menezes, relata que para a construção dos laboratórios, teve que ser cortada a verba que era da publicação do boletim enviado aos colaboradores. Ele ainda fala que o dinheiro de um dos fundos nacionais, que era passado como alimentação para a ONG pelo Governo Municipal, não é recebido aproximadamente há um ano e meio.
O Benefício – As famílias que procuram a GACC, em sua maioria, são do recôncavo ou do interior baiano e possuem renda baixa. Como o tratamento para cura da doença tem tempo posterior há dois anos, a instituição permite às famílias que moram em outra cidade ficarem nos alojamentos. Onde tem o auxílio alimentar, médico para os doentes e acompanhamento psicológico.
A psicóloga Regina Celi Carvalho ressalta que a terapia psicológica é importante na evolução do tratamento, ajuda a aumentar a confiança e auto-estima do paciente, assim como a dos seus familiares, que passam por momentos tão delicados e que, em muitos casos, chegam sem nenhuma esperança.
Parceiros – Segundo o presidente Menezes, existem clínicas e profissionais de saúde que concedem descontos, às vezes cobram apenas o material ou cobram apenas o serviço do anestesista. O São Rafael, através do SUS, disponibiliza um ambulatório de pediatria com seis leitos, exclusivo para as crianças.
A parceria com o Hospital São Rafael já dura 10 anos. “Apesar do investimento social, isso dá um prejuízo financeiro ao hospital de mais ou menos R$ 300 mil por ano”, conta o presidente.
Menezes ainda afirma que a arrecadação de doações através do telemarketing garante a captação de 70% da receita e a diferença é adquirida com donativos de escolas, empresas e institutos, como Itaú, Airton Sena e Ronald McDonald. A parceria com o Instituto Ronald McDonald, com o programa Mc Dia Feliz, obtém o equivalente a um mês de receita. Mas, isso não se faz cruzar os braços, pois ainda é preciso cobrir os outros 11 meses para completar o ano.
Com a participação do Criança Esperança foi montada uma biblioteca, como também a ampliação do parque e das salas de artes e músicas, criando assim um espaço para a recreação e lazer dos pacientes.

*Texto produzido para a disciplina Oficina de Texto III, em novembro/2007.
**Foto: Gisele Assis.