02 julho, 2007

Em busca do tempo perdido

Claudia Caciquinho
Por que alguns estudantes abandonam seus estudos em busca de outras realizações? Dário Costa é estudante da segunda série do ensino médio, na rede pública estadual. Cadernos, livros, canetas e outros materiais escolares não fizeram parte de sua vida escolar por dois anos. Isto aconteceu porque ele deu prioridade a sua vida profissional, pois trabalhou como office-boy num escritório de advocacia por um período de aproximadamente três anos.

Ao chegar à casa do estudante, encontrei-o assistindo a um show da banda Calcinha Preta, em DVD, grupo que adora e está sempre ouvindo ou assistindo. Revela ainda que além de gostar de ouvir música, adora também ir a boate, bater papo com os amigos, ir à academia e correr na orla.

Dário está prestes a completar 27 anos, em junho. Estudar nunca foi sua meta, até ele perceber que era fundamental para seguir em frente como profissional e garantir um futuro melhor. Após sair de seu emprego, em janeiro, procurou, procurou trabalho e nada. Como ainda não havia concluído o ensino médio e por estar fora da faixa etária escolar, conseguir uma vaga no concorrido mercado de trabalho estava cada vez mais difícil. Foi quando ele decidiu voltar aos estudos e matriculou-se no Colégio Estadual Thales de Azevedo, localizado no bairro Costa Azul, na capital baiana.

O ex-mensageiro sempre teve dificuldades em sua longa trajetória escolar e contou um fato interessante que aconteceu em sua infância quando houve sua formatura da alfabetização. Ele já estava acima da média da faixa etária escolar. Aos 10 anos, seu tamanho destacava-se das outras crianças, mas foi com muito esforço, dedicação e aulas de banca que Dário foi receber seu diploma pela “Formatura do ABC”.

Atualmente o rapaz está se dedicando apenas aos estudos e pretende concluí-lo logo. Mas, algo acontece para desanimá-lo, mais uma vez, como assim aconteceu no ano de 2004: a greve geral dos professores da rede pública de ensino. O estudante entende que os professores têm direitos de reivindicarem por melhores salários e condições de trabalho. Porém, lamenta muito por isso e diz que este fato acaba desanimando muitos alunos, principalmente, os que também trabalham. “Não vejo a hora de voltar às aulas, já estou com saudades dos colegas”, disse com um olhar distante.

Dário revelou que está animado com seus estudos e que almeja um futuro melhor. Falou de sua admiração pela disciplina Sociologia, por ser uma ciência que fala sobre sociedade e desigualdade de classes sociais, acabou se identificando bastante com a matéria. Ao contrário das disciplinas da área de exatas como Matemática, Física e Química, ele disse: “não consigo gostar nem entender os assuntos, de jeito nenhum”.

* Texto desenvolvido para a disciplina Oficina de Texto II, em junho/2007.

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